quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Amiga


Sabes? Aquele sentimento leve que de repente sopra e muda tudo… Poucas boas palavras que refutam um punhado daquelas más... aquelas más que afloravam constantemente cá dentro… Palavras que me fazem pensar de novo sobre algo que tinha dado como estagnado. Palavras que pensava já não as sentir se alguma vez as ouvisse.

Enfim surpreendeste-me e fiquei aliviada. Aliviada por finalmente ver que afinal valeu a pena a minha dedicação a ti e a mim, enquanto par activo na construção da nossa amizade. Não sei o que virá, e do que passou tenho vagas passagens, hoje só me lembro do bom, aliás sempre me treinei nesse sentido… é se melhor quando se apaga o mau… embora às vezes seja difícil, ou permaneçam fragmentos que recordo sem querer e me afastam.

Hoje fizeste-me acreditar que sim. Que não me fiz indiferente perante ti, era esse o meu objectivo, sentires que eu era diferente das tuas outras amizades até então. A ti e a mim. E sabes? É…. É diferente. E hoje foste tu quem fez para que o fosse, pois confesso de olhos posto no chão que já não esperava muito de nós e deixei-me sossegada, fechei-me, e o amor que ultimamente dizias ainda sentir já não chegava até mim. Não deixava. Não queria mais. Deixei insanamente de acreditar.

Mas ainda bem que a nossa amizade não sou só eu, também és tu. E aqui estas. Hoje, não sei o que te moveu mas disseste algo mais do que um “amo-te”… mostraste. Foi isso que despertou em mim o que julgava não existir mais. Sentimento doce que se faz matéria e escorre pela minha cara agora. Hoje sinto uma vontade enorme de te abraçar, de te sentir. De novo, mas melhor. Obrigado por não desistires.

Obrigado por hoje.



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" O trágico da vida na amizade é que nem sempre se distingue, com clareza, da vida no amor. Muitas vezes, a vida na amizade enfrenta reacções, medos ou ansiedades que são semelhantes aos da vida no amor. É como se a amizade ambicionasse a ser mais daquilo que é e acabasse vítima dos mesmos males que costumamos encontrar no estado amoroso: ciúmes, sentimento de posse, desconfiança, queixumes, reclamações. Amigos ciumentos, possessivos, desconfiados, ressentidos, são o que mais há por aí. Ninguém disse que a amizade, tal como o amor, não implicava misteriosos perigos passionais.

Quando estamos apaixonados, a primeira das nossas inquietações é não termos certeza se vamos ser correspondidos. Se ao menos nos amarem tanto como nós dizemos que amamos, não haverá ressentimentos contra ninguém e o amor durará resistentemente o tempo todo. Quando somos amigos, a nossa dúvida mais profunda é se gostarão de nós com o mesmo grau de aceitação que estamos dispostos a partilhar. Se ao menos formos recebidos como queremos receber, se nos aceitarem na proporção do que nós aceitamos, poderemos ficar tranquilos que a amizade será uma experiência limpa e sem remorsos.

Na amizade e no amor, estamos sempre à espera que nos correspondam, que nos tragam o que ainda não temos, que satisfaçam os nossos desejos de reciprocidade.

E se isso não acontecer, o mais certo é que ficaremos mesmo ressentidos, amargos, conflituosos. Amigos passionais que a qualquer altura largarão as suas frustrações.

Bem sei que ninguém mata por amizade, ao passo que as cadeias estão cheias de amores não correspondidos. Mas é só porque nas amizades frustradas o desespero é mais contido. No resto, podem crer que os amigos passionais e os amantes passionais fermentam na mesma incubadora de ódio. "

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