segunda-feira, 15 de março de 2010

Eu, comigo.



Um dia o meu pai disse-me... não te vejo a desfrutar das coisas simples que tens à tua volta e que são tanto... com outras palavras que só ele as sabe dizer... e hoje pensei nisso e tentei seguir esse seu concelho porque não o achei, de todo, transloucado...


Gosto muito dele.



Hoje foi dos primeiros dias mais bonitos deste ano... Quente e aconchegante.



Aproveitei a minha solidão propositada e não quis mais ninguém que a mim mesma. Ás vezes preciso. Dei por mim à procura de um sítio bonito para me recostar e pensar... nem sei porquê. Acho que só porque sim...


Procurei um sítio alto. Gosto do alto.



Senti as minhas mãos quentes e nao resisti em querer entrelaçar os meus dedos e sentir-me. Fazer-me companhia.



Encostei o meu carro no sítio em que melhor me sinto, e assim fiz.



Num lugar que fiz de meu abrigo e de mãos dadas comigo mesma, tentei manter o meu pensamento em coisas boas e simples. Talvez não pensar... Sim, talvez isso. Abri as janelas pra sentir o ar do campo... E senti. Misto de aromas silvestres com uma brisa levemente aquecida pelo sol da primavera que ai vem. Que ainda não é quente, mas que já não é frio. Hummm...


Abri a porta e sai. Pontapiei devagar algumas pedras que se encontravam no caminho em que quase vagarosamente andava. Caminho sem caminho. Sem guia. Sem vereda...


Aqui há poucas flores. Tenho tendência a colhe-las e tirar-lhes tudo, sem maldade... só porque sou curiosa e quero sempre saber como são feitas. Mas hoje não fui capaz e deixei-me estar, não quis estragar nada.


Trevos. Também gosto de trevos. Baixei-me para os ver de perto. Três pétalas, só três... Procuro sem qualquer esperança aquele especial, como sempre fiz mas nunca o encontrei e hoje também não... Tavez um dia. Não contesto essa espera.


Sem saber o que mais fazer voltei para o carro e pensei em ir, mas o meu corpo deixou-se estar por mais um pouco e ali fiquei...


Deixei que os meus olhos se cegassem pelo sol de fim de tarde. Não via nada e não me importava. Inundei-me no silêncio da natureza que me envolvia... ouvia passáros, muitos. Sons tão distintos, tantos, mas harmoniosamente coordenados e sabia bem ouvir... É engraçado, como isto faz parte de mim todos os dias e nem dou por isso.


Sei que não estava a fazer nada... nada de relevante importância mas foi do pouco que nada fiz, até hoje, que não me importei de deixar passar o tempo, assim... aqui...


Fiquei só mais um pouco até que sem querer... deixei-me fechar os olhos, até me deixar adormecer embalada pelo nada, pela paz...


Foi um dia bom.


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